Como anda a logística de transporte no Brasil?

Logística no Brasil

Transporte no Brasil

A greve dos motoristas no Brasil expõe um problema crônico que o país tem. Este problema é a dependência quase que na totalidade do transporte por meio de rodovias, mas precisamente por caminhões. Em pouco mais de uma semana de greve já começam a faltar produtos em supermercados, lojas, postos de combustíveis estão fechados, falta gás de cozinha e tudo aquilo que depende do transporte rodoviário fica com o prazo de entrega comprometido.

Grandes empresas alimentícias correm risco de parar as atividades por falta de insumos e por não poderem despachar seus produtos. Frigoríficos não conseguem enviar a carga processada. Portos não conseguem receber cargas comprometendo o embarque em navios. Ou seja, o país é realmente dependente do transporte rodoviário.

O Brasil nunca levou realmente a sério outras alternativas de transporte, como o ferroviário, hidroviário e aéreo. Esse modais de transporte existem, mas representam uma parcela pequena em comparação com o transporte rodoviário.

O Estado de Mato Grosso, maior produtor de grãos do país é totalmente dependente do transporte rodoviário para escoar a safra. Mesmo em se tratando de rodovias que é o principal meio para o transporte o Governo Federal deixa a desejar, como exemplo tem a BR 163 Cuiabá Santarém que poderia reduzir a distância e diminuir o fluxo de caminhões para o Sul e Sudeste. Esta rodovia foi aberta ainda nos anos 80 e até hoje ainda não foi totalmente asfaltada.

Hidrelétricas são construídas nos rios pelo país sem que exista no projeto a inclusão de eclusas para viabilizar o transporte por hidrovias.

Ferrovias demoram décadas para sair do papel, outras são mal projetadas e acabam sofrendo atrasos e custam muito mais do que deveriam.

Esse é o reflexo de décadas de descaso com a infraestrutura logística no país, sem caminhão o Brasil para, não totalmente, mas chega perto disso.

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Governo de Mato Grosso quer Privatizar MT 320 e MT 208

O Governo de Mato Grosso pretende privatizar a MT 320 e MT 208 no trecho que vai do entroncamento da BR 163 em Nova Santa Helena, passando pelos municípios de Colíder, Nova Canaã do Norte, Carlinda e terminando em Alta Floresta. Audiências públicas estão sendo realizadas nas cidades para mostrar o projeto e esclarecer dúvidas da população. Seriam instaladas 3 praças de pedágio no trecho de apenas 190 KM.

O problema é que este trecho de asfalto encontra-se em obras, o prazo inicial previa o término das obras em 1 ano, ou seja, em maio deste ano. Porém menos da metade do trecho está pronto. Aliás, o trecho que esta pronto ainda não possui sinalização horizontal e vertical, em alguns lugares já é possível ver buracos surgindo na pista, o material utilizado não apresenta boa qualidade. O serviço de restauração está sendo feito com a remoção do asfalto antigo e colocação de um novo asfalto, porém a técnica utilizada é o TSD, Tratamento Superficial Duplo, o próprio nome já é sugestivo de má qualidade. Por que não utilizam o asfalto usinado a quente? Por que possui mais qualidade?

Moradores da região esperam angustiados a anos pela restauração da rodovia, é um buraco atrás do outro, tanto que é preciso refazer todo o asfalto. Agora que a obra está saindo querem cobrar pedágio? O pior de tudo isto é que o Governo pegou emprestado recursos do BNDES e do Banco do Brasil para realizar a obra. Como assim, vai usar o dinheiro de empréstimo para arrumar o asfalto e depois concedê-lo a iniciativa privada. A alegação do Governo é de que não existe recurso suficiente para manutenção das rodovias, porém o Governo possui a anos um Fundo exclusivo para arrecadar dinheiro para a manutenção de rodovias. Este é o FETHAB, Fundo Estadual de Transporte e Habitação que é a contribuição destinada a financiar o planejamento, a execução, o acompanhamento e avaliação de obras e serviços de transportes e habitação em todo o território mato-grossense.

Ocorre que nos últimos anos a finalidade do FETHAB foi alterada, o Governo utilizou recursos que deveriam ser para obras de transporte e habitação para fazer obras da Copa. Assim não resta dúvida que não tem dinheiro.

O Governo utilizou recursos do FETHAB para obras da Copa do Mundo, agora precisou pegar dinheiro emprestado do BNDES e do Banco do Brasil para fazer asfalto e depois de pronto quer conceder a iniciativa privada. Parece brincadeira sem graça, mas infelizmente não é.

Rodovia BR 163 Cuiabá – Santarém: será que agora o asfalto sai do papel?

Cuiabá - Santarém

BR 163

Não sei exatamente em que ano foi aberta a rodovia que liga Cuiabá a Santarém, porém na década de 80 ela já existia e em tempo recorde foram asfaltados aproximadamente 500 Km de Cuiabá – MT a Santarém – PA. Porém, a agilidade ficou esquecida no tempo e a rodovia também. O trecho asfaltado passou por várias restaurações e até mesmo total reconstrução, no entanto, o trecho de Sinop – MT a Santarém – PA até hoje ainda não foi concluído totalmente.

Uma rodovia com décadas de existência e que vários governos não tiveram a capacidade concluir o asfaltamento. Sarney, Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma, nenhum deles teve capacidade de concluir esta obra de extrema importância para a maior região produtora de grãos do Brasil. Mato Grosso o Estado maior produtor de grãos do país precisa escoar sua produção para os portos da região Sul e Sudeste por falta de logística.

Por que digo que nenhum foi capaz de concluir a obra? Simplesmente porque é a verdade. Dilma também não irá concluir a obra, pois anunciou recentemente que irá conceder o trecho citado a iniciativa privada. Isso mesmo, a BR 163 de Sinop a Santarém também será entregue a iniciativa privada em regime de concessão.

A empresa ganhadora ficará responsável por concluir a obra, fazer sua manutenção e certamente também fará a duplicação. Porém, logicamente irá cobrar pedágio de todos que utilizarem a rodovia.

É uma obra que deveria estar pronta no mínimo uns dez anos atrás, mas quem sabe agora sai. Quem ganhar a concessão tem prazos para cumprir. O governo sempre empurrou com a barriga. Sempre dizem que é uma obra de extrema importância para o desenvolvimento do país.

Então por que será que ninguém foi capaz de terminá-la?

Privatização de Rodovias e Cobrança de Pedágio

Privatização de rodovias

     Muitos são contra a privatização de rodovias e a cobrança de pedágio. Realmente pode-se dizer que é pagar impostos duas vezes, no entanto, no Brasil grande parte das rodovias que não é privatizada não possui boas condições de tráfego. Ou seja, pagamos apenas uma vez mas não temos rodovias de qualidade. O Governo Federal e os Governos Estaduais nem sempre têm condições de manter as rodovias em perfeita qualidade.

      A privatização surge como alternativa para resolver este problema. Com o auxílio da iniciativa privada o Governo consegue fazer muito mais em pouco tempo.

    O Governo não tem capacidade para manter as rodovias em perfeitas condições, com a privatização a iniciativa privada assume compromissos de conservação da rodovia, segurança e em muitos casos a duplicação total do trecho. É certo que existe um custo para que utiliza frequentemente estas rodovias, mas acredito que seja melhor pagar duas vezes do que andar por rodovias asfaltadas que mais parecem estradas de terra.

      O Governo Dilma pretende privatizar outros 7.500 kilômetros de rodovias. O Governo promete cobrar duramente o cumprimento dos prazos das obras que devem ser realizadas, isso já está acontecendo com algumas empresas que foram multadas por não cumprirem o que foi acordado na hora da concesão das rodovias.

      O pedágio pode representar aumento no custo do transporte, mas por outro lado se a rodovia for de boa qualidade esse aumento é compensado pela rapidez no transporte reduzindo os custos da logística e redução do número de acidentes nas rodovias.